SÉRIE: SITUAÇÕES – A FESTA
Era de arromba. Todos pulavam soltos no embalo do hip-hop. O salão estava escuro. Iluminava a noite, além da lua do lado de fora, um grande globo espelhado que mudava de cor à medida que os jovens dançantes aumentavam o agito. Num canto, uma enorme bola vermelha, estrategicamente localizada, recheada de alguma coisa que ninguém sabia o quê. Aliás, poucos se deram conta da existência de tal detalhe na decoração do ambiente. Ele só era percebido quando o giro dos refletores incidia naquele local. Mas, havia na festa um gaiato, um aventureiro, um ser soturno que não entrara no ritmo da dança e procurava algo que fazer, além de bater as carteiras dos mais desavisados. E ele estourou a bola com um canivete. Sete minutos depois, quando se deu conta do acontecido, o dono da boate tocou a sirene e evacuou com pressa a Casa. Assim que todos estavam fora, e devidamente encaminhados para suas residências, o salão foi iluminado por completo: Drogas. Camisinhas. Copos. Cuecas. Garrafas. Sacolés. Calcinhas. Pedras. Batons. Era o que se via esparramado pelo chão. E, atravessando a sala, no meio dos resíduos da festa, um casal de escorpiões escarlates. O gerente do local aprisionou-os novamente numa redoma transparente e guardou-os em sua sala reservada. A bola gigante e vermelha poderia ser ativada em uma outra ocasião.