A PORTA
Era tarde de segunda-feira. Ele veio sozinho. Tocou a campainha da casa e logo em seguida lembrou-se do filme policial que assistira no domingo. Talvez por causa disso, fez cara de mau para que a pessoa que o visse pelo olho mágico sentisse um 'certo medo'. Não sabe porque fez aquilo, mas fez. Ninguém veio abrir a porta. Tocou de novo. Novamente estampou uma feição de pessoa malvada. Nenhum ruído na maçaneta.
-Mas por que ninguém vem atender? Será que não tem ninguém em casa? - Perguntou bem baixinho para si mesmo.
Tudo em silêncio. Ele tentou mais algumas vezes, mas depois foi embora.
À noite, na igreja, não soube explicar por que uma senhora, com cara de espanto, não conseguia tirar os olhos dele. Em posição de oração, ele, tão jovem ainda, nem se lembrava mais do que acontecera na tarde daquele seu primeiro dia como vendedor de produtos cosméticos...
Gláucia Ribeiro (10/3/2010)