Conto Minimalista n.44
Onde estaria a droga da chave? Vasculhou outra vez os bolsos do velho jeans. Perdera mesmo. Ah! Maldito Beto com seu bar de quinta classe - uma parada obrigatória desde que se separara.
Mais um relacionamento se fora. Eleonora, um mulherão, verdade seja dita, não suportara seu humor instável e a desatenção com as pequenas coisas exigidas numa relação amorosa. Então tudo acabara tão depressa como começara, deixando-o vazio.
A esmo, caminhava resmungando pelo corredor até que encontrou aquela porta entreaberta. Fora do prumo, bêbado e cansado, entrou e desmaiou num convidativo sofá floral.
Na manhã seguinte, ao acordar, percebeu que estava sem sapatos e coberto com uma manta xadrez. Um cheiro de café, ovos e bacon estava no ar do pequeno apartamento atulhado de livros e bons quadros na parede cor de areia queimada.
Quando o som da Primavera de Vivaldi atingiu seus ouvidos, algumas sensações o dominaram fortemente e ainda meio zonzo, pensou: "Nossa, será que morri no porre de ontem e já estou em algum tipo de céu familiar e intermediário?"
Foi então que a vislumbrou e lembrou-se da moça meio sem graça, simpática e simples do seu andar. Olhos semicerrados, observou-a caminhar descalça e de cabelos molhados enquanto colocava uma toalha limpa na pequena mesa da sala. Era bem pequena e roliça, suave e silenciosa, completamente fora do padrão de beleza que sempre apreciara. Desgostoso, fez um muxoxo de desdém.
...
Não voltou ao bar para buscar sua chave e não perdeu mais nada desde que se casara com ela, cinco semanas depois.
***
Silvia Regina Costa Lima
5 de março de 2010
Onde estaria a droga da chave? Vasculhou outra vez os bolsos do velho jeans. Perdera mesmo. Ah! Maldito Beto com seu bar de quinta classe - uma parada obrigatória desde que se separara.
Mais um relacionamento se fora. Eleonora, um mulherão, verdade seja dita, não suportara seu humor instável e a desatenção com as pequenas coisas exigidas numa relação amorosa. Então tudo acabara tão depressa como começara, deixando-o vazio.
A esmo, caminhava resmungando pelo corredor até que encontrou aquela porta entreaberta. Fora do prumo, bêbado e cansado, entrou e desmaiou num convidativo sofá floral.
Na manhã seguinte, ao acordar, percebeu que estava sem sapatos e coberto com uma manta xadrez. Um cheiro de café, ovos e bacon estava no ar do pequeno apartamento atulhado de livros e bons quadros na parede cor de areia queimada.
Quando o som da Primavera de Vivaldi atingiu seus ouvidos, algumas sensações o dominaram fortemente e ainda meio zonzo, pensou: "Nossa, será que morri no porre de ontem e já estou em algum tipo de céu familiar e intermediário?"
Foi então que a vislumbrou e lembrou-se da moça meio sem graça, simpática e simples do seu andar. Olhos semicerrados, observou-a caminhar descalça e de cabelos molhados enquanto colocava uma toalha limpa na pequena mesa da sala. Era bem pequena e roliça, suave e silenciosa, completamente fora do padrão de beleza que sempre apreciara. Desgostoso, fez um muxoxo de desdém.
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Não voltou ao bar para buscar sua chave e não perdeu mais nada desde que se casara com ela, cinco semanas depois.
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Silvia Regina Costa Lima
5 de março de 2010