Outra vitória do amor
. Eles têm tudo em comum. Rimam em cada sílaba de si.
Idiossincrasias idênticas garantem compreensão?
. O amor de ambos não cabe numa página, nem em todas. O
coração deles é o único suporte adequado.
. Mas volta e meia estão no centro do Coliseu, a plátéia
insensível e sem dó lotando as arquibancadas, sangue nos
olhos, querendo ver o eco de sangue no picadeiro.
. E digladiam-se em tempespaços indistintos, voando
cacos de carinhos pra todo lado. A platéia urra ululante,
vibra, xinga, berra "conselhos" aos sobreviventes de
tantos embates de amor: "o coração baixou a guarda! Areia
nos olhos! Lança no umbigo!".
. Exaustos de outra batalha, entregam-se aos olhos um do
outro e ali vêem o porquê do fascínio que exercem sobre as
multidões de feéricos desa(l)mados.
. Depõem as armas, saem de mãos dadas, sorrindo, se
amando, ainda vivos e bem, sob as vaias da torcida, que
não tem outra saída senão suas lutas intestinas.