Reminiscências
Tristeza, ódio, mau humor; tudo se misturava. Era um infeliz, naturalmente. Fizesse sol ou chuva nada o modificava. Andava cabisbaixo, dificilmente cedia-se a uma prosa.
Certo dia perambulando pela rua, uma criança o aborda e lhe dirige:
- Por que o senhor é tão estranho, não fala com ninguém e sempre está com essa cara amarrada?
- Não quero falar com você garoto. Aliás, sua fala me enoja e qualquer um que se dirija a mim.
O garoto insistiu:
- Conte-me como foi a sua infância, senhor.
O homem olha-o dos pés a cabeça e ansioso para se livrar daquela pestinha, diz:
- Está bem vou lhe contar: – Eu não tive esse negócio de infância, garoto. Tinha que trabalhar sob a égide de um cabo de reio. Tive costelas quebradas e hematomas por todo o corpo. E o mesmo cabo de reio que todos os dias feria-me, usei-o para esmagar a cabeça de meu pai. Fiz com orgulho. Portanto, garoto não me aborreça mais. Nunca mais.
O garoto foi encontrado horas depois preso a uma árvore e completamente inerte.