Microcontos no Twitter IV

VOO

Tudo estava indo bem em sua vida. Por isso, sentia medo. Para ele, a felicidade era um par de asas que sumiria em pleno voo.

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JUSTA CAUSA

Dormiu no expediente e acordou desempregado. No olho da rua, sentiu-se um cisco de gente.

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Considerava-se o braço direito do chefe. Esquecia-se de que esse era canhoto.

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Palitos de sorvete e cola. Construía caravelas, carruagens, castelos e catedrais. Desenganado pelos médicos, esmerou-se no próprio caixão.

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BILHETE

“Sem você eu não sou nada. Nada. Abra a janela. Vê aquele trapo de gente deitado na calçada? Ainda não sou eu. Ainda.”

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IRONIA NAVAL

Guerra no Pacífico.

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“Enquanto eu existir, você jamais será feliz!”

Uma praga? Ameaça? Não quis pagar para ver. Agiu rápido. Hoje é feliz, e ela não existe mais.

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A loira entrou no banheiro masculino. Ele correu para avisá-la do engano. Deu com ela de pé, em frente ao mictório, descendo o zíper do short...

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BBB37

“O eliminado desta semana é você!”, sentencia o octogenário apresentador.

E os outros participantes descarregam suas armas no apontado.

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Procurado pela Interpol.

Escondeu-se dentro de um romance do José Sarney.

Fez bem. Jamais o encontrariam.

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Lanterna à mão, o ufólogo perseguia as pegadas da estranha criatura. Atrás dele, na escuridão da selva, dois olhos acesos também o seguiam.

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- Vá com Deus.

- Fique com Ele.

Pobre Deus. Ninguém o quer por perto...

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Quando acordou, a faca ainda estava ali... Cravada no peito da amada infiel.

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TRÊS

- Posso te fazer uma pergunta?

- Agora lhe restam duas.

- Como assim, duas?

- Apenas uma.

- Você é maluco?

- Próximo!

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CPI dos cemitérios. Acabou em pizza. De presunto.

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- Pretendo casar, pai.

- Filho, casar devia ser escrito com "z". Case, se quiser. O (c)azar é seu.

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Seis bocas para alimentar... Estava esgotado. Consequência: trocaram-no por outro botijão.

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Carro do ano, esposa linda, belos filhos. A casa dos sonhos. Foi então que percebeu o logro. Estava vivendo dentro de um comercial de banco.

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Conhece o Mario?

- Aquele que te comeu atrás do armário?

- Não. Refiro-me ao Quintana.

- Aquele te comeu sobre a cama?

Não adianta. Com estúpidos não há poesia.

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Cartaz de um sebo: “12 livros do ‘Quintanda’ por 50 reais”.

É isso que eu chamo de poemas a preço de banana.

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Deixava um rastro de beliscões por onde passava. Os homens olhavam-na, cobiçosos. As mulheres expressavam o ciúme na ponta dos dedos.

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Vigarista, sua fama chegara até no inferno.

O Diabo só comprou-lhe a alma mediante assinatura de testemunhas.

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Pegavam o mesmo ônibus. Jamais trocavam palavras, apenas olhares. Desciam em pontos diferentes. Ele voltava para a esposa. Ela, para Cristo.

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O cúmulo do abandono. Daquela casa até os fantasmas tinham ido embora.

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“Ninguém me leva a sério”, lamentava-se. Foi quando o dedo arrancou-o do nariz, fez dele uma bolota e atirou-o para longe.

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Capotou. Saiu do carro e subiu até a estrada. As chamas consumiam o veículo. Um cão se aproximou. Reconheceu-o: era o Rex, morto há 12 anos.

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Motel. Pior do que sua impotência, era a potência dos gemidos no quarto ao lado.

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Noite estrelada. Casal estendido na grama. Pelo céu, cruza uma estrela cadente. Nem dão por ela. Estão entretidos em realizar outros desejos.

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- Repudiem o nazismo! - proclamou o papa.

Os bispos levantaram (um assento caiu):

- Amem!

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Olha que sina

a daquela menina:

ontem, virgem bailarina;

hoje, escrava de cafetina.

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Uma guilhotina destinada exclusivamente a homens.

Chamavam-na de Salomé.

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A casa invadida: móveis perdidos, apenas o teto do carro à flor d'água. Seu olhar desesperançado bóia sobre os sonhos afogados.

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“Você não tem coração”, disse, rompendo com ele. Dias mais tarde, o carteiro entrega a ela um pacote. Dentro, a prova de que estava enganada.

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