PARTIDA

Na estação, um apaixonado e amoroso casal, despedia-se num abraço apertado e sôfregos beijos. Ele embarcou. O trem partia lentamente... Ela, da calçada da estação, acenava tristemente àquele que partia. Seus sonhos distanciavam-se de sua realidade a cada metro de trilho que o trem percorria. Pensava: talvez fosse melhor assim. Ficou ali parada por muito tempo. Já não mais via a velha locomotiva. Agora seus olhos estavam embaçados pelas lágrimas, que insistentemente desciam por sua face como se fosse uma cascata. No seu íntimo, tinha convicção que não mais voltaria a vê-lo, embora tivesse recebido a promessa de um breve retorno. Infelizmente, sentia suas forças totalmente exauridas. Sua vida estava por um fio. Não falara nada, para não impressioná-lo, porém restavam-lhe apenas alguns dias de vida, conforme os últimos exames.

De repente, percebeu que, como num filme, voltaram todas as lembranças de seus momentos vividos com o seu amado, e um largo sorriso emoldurou sua face ainda molhada. Sentiu-se totalmente entorpecida. Ali desfalecera.

Sem noção de tempo ou lugar, acordou num leito de hospital.

Não compreendia mais nada, pois a médica que estava a observá-la era semelhante a sua mãe, que há muito falecera. Envolta numa grande emoção, desfaleceu novamente.

Cellyme
Enviado por Cellyme em 10/01/2010
Reeditado em 11/01/2010
Código do texto: T2021009
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