PARTIDA
Na estação, um apaixonado e amoroso casal, despedia-se num abraço apertado e sôfregos beijos. Ele embarcou. O trem partia lentamente... Ela, da calçada da estação, acenava tristemente àquele que partia. Seus sonhos distanciavam-se de sua realidade a cada metro de trilho que o trem percorria. Pensava: talvez fosse melhor assim. Ficou ali parada por muito tempo. Já não mais via a velha locomotiva. Agora seus olhos estavam embaçados pelas lágrimas, que insistentemente desciam por sua face como se fosse uma cascata. No seu íntimo, tinha convicção que não mais voltaria a vê-lo, embora tivesse recebido a promessa de um breve retorno. Infelizmente, sentia suas forças totalmente exauridas. Sua vida estava por um fio. Não falara nada, para não impressioná-lo, porém restavam-lhe apenas alguns dias de vida, conforme os últimos exames.
De repente, percebeu que, como num filme, voltaram todas as lembranças de seus momentos vividos com o seu amado, e um largo sorriso emoldurou sua face ainda molhada. Sentiu-se totalmente entorpecida. Ali desfalecera.
Sem noção de tempo ou lugar, acordou num leito de hospital.
Não compreendia mais nada, pois a médica que estava a observá-la era semelhante a sua mãe, que há muito falecera. Envolta numa grande emoção, desfaleceu novamente.