A Grande Noite das Sombras

Este conto possui uma história além da história que conta…

Foi dos primeiros que escrevi e que publiquei em jornais, nos primórdios da minha vida literária, isto em finais dos anos 80, tendo sido exactamente escrito no dia 1 de Janeiro de 1988, numa época em que sacralizava os primeiros escritos de um novo ano.

Muita, imensa coisa se passou entretanto, de crente passei a agnóstico e recentemente voltei à fé que me viu nascer, escrevi algumas milhares de páginas, publiquei algumas dezenas, descobri a net como veículo primordial de comunicação literária e, em alguns casos, pessoal, descobri e perdi o amor vezes sem conta, descobri o prazer de viajar fisicamente e nele me viciei, vi mundos a nascerem e a desaparecerem, vi imensas coisas más e outras belas, que me fariam envelhecer, mas no entanto continuo a mesma pessoa, o mesmo adolescente sonhador e idealista que escreveu este conto, sou o mesmo na essência, pois claro que mudei alguma coisa em mim…

E o conto é basicamente o mesmo, mas com alterações que a minha experiência de vida e infinitas leituras operaram…

Este conto também vai dar lugar neste ano de 2010 à poesia…vou subordiná-la à temática dele, pois podem ou não gostar, mas estou profundamente seduzido, apaixonado até, pelas linhas que se seguem

A Grande Noite das Sombras

Houve uma altura mágica na história da humanidade que mudou tudo.

Foi num dia em que um estranho eclipse, que durou várias horas, envolveu metade do planeta, enquanto a outra metade se encontrava mergulhada na noite.

Instintivamente em todos os lugares onde existisse um ser humano foram ateadas enormes fogueiras, em torno das quais se reuniu toda a humanidade, em silêncio, num profundo e misterioso silêncio, limitando-se a contemplar as chamas e o céu escuro para onde viajavam as labaredas.

Nesse ocaso, a humanidade exorcizou tudo quanto de maligno ela possuía, a atracção pela destruição, a fome da guerra, a frieza com que contemplava o sofrimento dos seus semelhantes, a dilacerante crueldade que ofuscava o belo que ela possuía, a mesquinhes e mediocridade próprias da espécie humana e tudo quanto de nocivo ela possui.

Era a noite plena de todos os seres humanos, era a noite de uma inevitável redenção.

Mas era tarde demais…

Quando a escuridão atingiu o seu auge, as sombras provenientes dos corpos transformaram-se nesses corpos, e os corpos em sombras.

Foi o princípio de uma nova era para uma nova humanidade.

Foi

A Grande Noite das Sombras

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 06/01/2010
Código do texto: T2014139
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