ELE ERA UM DEUS

Conseguia fazer tudo o que as maiores imaginações poderiam imaginar.

Conseguia ir a locais e a sítios que nunca foram concebidos.

Conseguia ir ao fundo dos tempos, reavivá-los, recriá-los e de certa forma voltar a dar-lhes vida pela sua capacidade impar em reacender o que há muito fora extinto, em insuflar vida perdida em memórias, de tal ordem que estas passavam a serem suspiros do futuro e não apenas meras recordações.

Conseguia dar animo aos desalentados, conseguia resgatar a alegria num rosto, para ele era fácil que um rosto vincado por rugas de desilusão e transformado num rosto marcado pelo tempo e pela dor voltasse a ter a jovialidade duma criança que pouco ou nada viu ao ponto de se transformar num velho. Com o tempo isso aconteceria, e talvez com o tempo Ele voltasse para mostrar que os sonhos morrem, mas que a esperança só fecha os olhos quando o coração de quem a tem deixar de bater para sempre…para sempre…para sempre…

E Ele lá estava desde sempre

Pelos outros e pelas outras conseguia fazer aquilo a que chamavam de milagres, mas para Ele era apenas fruto de um dom nato, que como a sua intemporalidade não tinha tempo nem distancia, tinha apenas a dimensão dos sentimentos que o moviam e que eram tão vastos como as suas infinitas capacidades…

No entanto, e apesar de Tudo, ele conseguia fazer tudo, menos gerar amor de outrem para si, sendo por isso o mais solitário dos seres reais ou míticos, verosímeis ou inverosímeis, habitante de sonhos ou da mais dura e crua realidade

Ele era um Deus