Mobilização de forças físicas

A mão rugosa lançou-se sobre o soalho de madeira gélida, para realizar as prometidas flexões. O corpo tremia, o suor corria-lhe pela nuca e testa, o corpo aquecia ao passar dos segundos, quase incendiava o piso que as mãos descerradas experimentavam. O olhar era impossível de decifrar, era nebulosidade, era praia privada de areia. Os braços arqueavam e desvaneciam, depressa, cada vez mais depressa! As pernas já tremiam de fraqueza, porém não resistiam. Era força, opressão, decisão, combate! Luta por algo bem feito, por alguma coisa completa, uma substância estranha tomara-lhe posse do local da saliva... era veneno. O seu peculiar veneno, aquele que raspava-lhe de leve a garganta e a feria, o veneno que lhe golpeava a língua e a fazia áspera como um felino silvestre. O veneno que lhe tornavam amargos os lábios e o fazia engolir a seco naturalmente. O coração agitava-se muito, o batimento cardíaco era pesado e influente, e naquela taciturnidade da sala, quase jurava que o escutava a ressoar nos ouvidos. O sangue mal circulava nas artérias, que se faziam realçar na cútis alva de concentração. O cérebro estava vazio, preto como a escuridão; só se centralizava nos números, quantas já fez e quantas ainda tem por fazer. Elas passavam... 10... 50... 100... e era como se fosse sempre a 1ª. Um corpo morto que ali está, rijo a enfraquecer vagarosamente, mas sem se dar conta disso.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 29/12/2009
Código do texto: T2001000
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.