Adeus!

A porta se abre, e ele sai correndo em disparada. Os vizinhos olham-no, abismados, imaginando o que lhe possa ter ocorrido. Ele corre, corre com todas as suas forças, braços e pernas em movimento acelerado. Dobra a esquina em alta velocidade, passa entre duas pessoas que conversam na calçada, vai para o meio da rua, por entre os carros, não espera o sinal fechar, é perda de tempo. Um segundo pode custar-lhe caro. Continua. Mais uma rua, carros, pessoas nas calçadas. Então ele resolve cortar caminho, e cruza a praça, pisando na grama, pulando os bancos, desviando das árvores. Nunca correu tanto em sua vida, nem mesmo quando era adolescente e o ar sobrava-lhe nos pulmões. Mas essa diferença nem lhe passa à cabeça; só pensa em correr, correr, correr...

O vento bate-lhe forte o rosto, mas isso não impede que o suor escorra em abundância, molhando-lhe a camisa, colando-a ao seu corpo.

Uma, duas, três, quatro quadras se passaram...

Mais alguns metros e ele pára, ofegante, seu olhar fixo no táxi que acaba de sair, convergindo no olhar furtivo da mulher sentada no banco de trás do carro.

Do bolso ele retira um pequeno bilhete, e ler novamente aquela palavra escrita a punho: Adeus!