Apenas um aceno de mão

Ligeiramente curvado pelo peso dos anos, cansado das andanças pela planície: o velho caminhante se refugia nas montanhas.

Ali, tendo por companhia apenas seus pensamentos, todas as tardes o eremita sai a caminhar pela montanha. Depois, cansado se refugia em uma sombra e observa ao longe outras montanhas, um campo florido, pessoas correndo, brincando e dançando.

Solitário, ele aprecia aquele movimento. Às vezes sente falta de companhia, mas logo se distrai com suas lembranças.

Certo dia, num desses passeios, alguém ao longe lhe acena. À distância não permite que distinga o vulto, mas a saudação vinda de tão longe alegra seu coração.

Assim, por vários dias, ele volta ao mesmo local à espera da saudação que sempre se repete, como a dizer: Ei! Também estou aqui, amigo desconhecido, para desejar-lhe: Bons dias e paz em seu coração!

Porem, passado algum tempo, o vulto amigo não aparece.

O eremita, preocupado com o amigo distante, lança a pergunta ao vento: Como está você, que mesmo a distancia se tornou tão importante?

E todos os dias, desolado, espera por apenas um aceno de mão.

Lisyt

Lisyt
Enviado por Lisyt em 04/12/2009
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