Apenas um aceno de mão
Ligeiramente curvado pelo peso dos anos, cansado das andanças pela planície: o velho caminhante se refugia nas montanhas.
Ali, tendo por companhia apenas seus pensamentos, todas as tardes o eremita sai a caminhar pela montanha. Depois, cansado se refugia em uma sombra e observa ao longe outras montanhas, um campo florido, pessoas correndo, brincando e dançando.
Solitário, ele aprecia aquele movimento. Às vezes sente falta de companhia, mas logo se distrai com suas lembranças.
Certo dia, num desses passeios, alguém ao longe lhe acena. À distância não permite que distinga o vulto, mas a saudação vinda de tão longe alegra seu coração.
Assim, por vários dias, ele volta ao mesmo local à espera da saudação que sempre se repete, como a dizer: Ei! Também estou aqui, amigo desconhecido, para desejar-lhe: Bons dias e paz em seu coração!
Porem, passado algum tempo, o vulto amigo não aparece.
O eremita, preocupado com o amigo distante, lança a pergunta ao vento: Como está você, que mesmo a distancia se tornou tão importante?
E todos os dias, desolado, espera por apenas um aceno de mão.
Lisyt