Terceridade

No andar abaixo de onde moro, reside numa espécie de pensão de terceira uma senhora com os olhos tristes, quase dominicais. O peso da inércia só não a martirizava mais que a revolta abandono que a coitada ruminava impassível. Uma TV fora instalada naquela colônia do ócio e vinha sendo a humilhante distração daquela mulher de terceira, que à mercê da programação aberta, programava-se, entregava-se ao deprimente silêncio do objeto ligado. Enxugava gelo. Prédio sem luz dois dias e a velha mascava pescando melancolia. Nestes dias, inexplicavelmente desci de casa mais feliz.

Giu Santos
Enviado por Giu Santos em 20/11/2009
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