Última vontade

Por muito tempo o velho permanecera na cama, mais morto do que vivo.

Por vezes voltava-lhe a consciência e ele chamava os filhos para a despedida. Era um ritual penoso para todos. Depois o mal dava uma trégua e o tempo seguia igual.

Desta feita um novo apelo do moribundo – abria os olhos, fixava os filhos um a um e fazia um pedido: um prato de sopa de legumes; queria sentir o prazer da comida ainda uma vez.

Três colheradas; e a cabeça lhe tombou inerte. Por precaução, os filhos haviam adicionado arsênico na última vontade do velho.