Boneca de neve
 
Jamais confessou à família o quanto a vizinha da casa ao lado o amedrontava. Nas noites de nevasca, ele a via pálida, com galhos de laranjeira no lugar dos braços, às vezes até com uma cenoura no nariz; mais um pouco, seus olhos tornavam-se dois grandes botões negros e ela própria ficava maior e maior... Como ninguém mais percebia? Cumprimentava-a respeitosamente pela manhã e passava o dia imaginando-a se derreter para tentar espantar o medo.
Diógenes Daniel
Enviado por Diógenes Daniel em 28/10/2009
Reeditado em 28/06/2013
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