Velho

Ele já pouco enxerga. Pouco sente, brada e derrama lágrimas. Delicado corpo que aguarda ansioso tornar-se isento das impressões da vida. Como um fogo de artifício incorpóreo e íntimo. No fundo, uma recompensa após a negação inalterável por parte dos bons sentimentos à possível vinda prometida do mais rápido sorriso. Aquele que por mais encoberto, seria o 1º que ofereceria...

Ele é quem jamais sorriu. E não é criança, jovem ou ao menos adulto. Já se tornou velho {interior, e exteriormente}. As rugas da idade avançada já se misturaram com as que foram lucradas pela prática da vida. Homem tão velho e cansado, a quem não foi passado o "fim da vida" mais prematuramente, como sempre quis.

Quando jovem teria doado a sua vida por qualquer um. Até mesmo pelo cachorro que perigosamente passa para o outro lado da via pública. Não por bondade, mas por uma determinada aflição extrema. De tudo terminar, «finalmente». Uma vida desperdiçada poderá desta forma exprimir-se. Que sequer foi proveitosa. Invoquemos-lhe desta maneira: o homem que viveu sem viver a vida.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 21/10/2009
Código do texto: T1879443
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