MENINA,MULHER

A música que saía das cordas do violão,não era mais encantadora que a beleza dos passáros que beijavam as flores.Vi desenhado no horizonte,um dia normal;e por vários instantes,desejei ser um flor beijada: foi então quando percebi a sorte das flores:estavam sob o sol,eram formadas de pétalas e exalavam um perfume único.Contentei-me me ser uma moça cheia de sonhos,que aspira um príncipe encantado.

Minha avó me esperava com um almoço delicioso.E na varanda da casa,já havia uma rede armada para mim.Eu realmente gosto dessa vida:acordar cedinho tem um novo sentido,ver o sol protagonizando o dia,a lua deixando a noite encantadora.Meu avô é um doce de pessoa,minha avó,um presente de Deus.Não há do que reclamar,exceto da saudades que vou sentir quando retornar para cidade!

Comecei o caminho de volta para o sítio,até que vi de longe um homem alto,muito forte e com feições de sofrimento e trabalho árduo que mais despertou medo em mim do que qualquer outro sentimento de pena.Percebi que ele se aproximava e decidi apressar o passo.

Num golpe de força,senti o meu violão cair no chão e a virgindade se dissolver como um líquido impuro,e ao mesmo tempo,muito frágil.No entanto,não perdi o encanto de ser menina,nem a vontade de ser amada de verdade.Aqueles movimentos que no ínicio causaram dor,aos poucos foram despertando a sensação de ser desejada;no terror,descobri a tranquilidade e me entreguei sem medo.O homem perdeu seu instinto de animal selvagem e me beijou,acariciou-me o rosto e me fez mulher.Não era meu principe encantado,era o meu homem.

A vergonha e a vontade de seguir,foram maior que o amor que eu sinto pelos meus avós.Decidimos então fugir.