A lenda
A paixão chegou deliberadamente
Impunemente se castigou entregando-se
Sabia que era impossível
Assim mesmo se entregou
Suspirava, desejava, queria
Sem corpo como iria fazer?
Sem passado, sem um nome...
Nunca se fazia notar
Era uma lenda, algo que não existe de fato
Um personagem de uma história banal
Como poderia ser amada?
Sem rosto, sem sobrenome, sem sombra
Ela estava lá e ele não a via
Ela acompanhava seus passos
Sabia de sua existência, sua vida
Ele gostava da brisa que beijava seu rosto
Nas tardes em que estava sozinho
Sem saber que ela o beijava assim
Gostava da sua presença sem corpo
Sem saber que era ela que estava ali
Como explicar esse amor?
Uma noite chegou, ele não dormiu
Sensação estranha de doce solidão
Assim ela se despediu...
Lugar de lenda é na imaginação
Assim ela se escondeu dentro da página do livro
Do livro que o acompanha
Na solidão das horas intermináveis