Sozinha...
mãos geladas
pêlos em arrepio
janela entreaberta
barulho de respiração
estou ofegante...
meus olhos vermelhos
a rua tão vazia
rapazes passando agora
carros, motos e tal
não há balanço de árvores
não há canto de pássaros
dia nublado
abafado
sinto frio
muito frio
cabeça em rodopios...
por dentro
pareço tão oca
sozinha
uma,
duas,
cinco,
oito,
oito pessoas aqui!
não conheço nenhuma
nem a nona:
eu...
não me pus na conta
acho mesmo que essa sala está sozinha
avião no céu
nuvens todas
eu, nublada
todos foram embora
não estou mais aqui
já chega
eu vou
já fui
me enrolo no casaco
calço meus sapatos
sopro meus pensamentos
mando pra outro lado
esquento minhas mãos
lavo meu rosto
engulo seco
não te vejo - mal me vejo
mas não deixo de seguir