Muito bonito. Hein?!
Corria, com os olhos arregalados, pelo quintal. Suas bochechas gordas balançavam a cada passada. Demonstravam seu fascínio e opção por uma alimentação baseada em balas, doces e chocolates. Corria com as mãos estendidas à frente. Seu rosto era espelho do seu desejo frenético. Emitia alguns grunhidos de alegria e excitação. Não conseguia disfarçar sua felicidade.
Alguns corriam atrás dele. Estava realmente contente.
Sentia o vento bater-lhe no rosto, na testa, balançar-lhe o cabelo. Não pensava em nada naquele momento. Costumava optar mais por sentir, do que por pensar e queria sentir todas as sensações ocasionadas por aquela situação. O barulho dos seus pés ao tocar na grama. As cosquinhas que as mesmas ocasionavam naquele. Deixava escapar uma gargalhada. Observava algumas borboletas brincando a sua volta. Participavam daquela marcha. Ocasionada por ele!
Em meio ao êxtase, ao sublime da natureza, ao sabor daquela carreata, sente uma pressão anormal próxima à região auricular. Seus braços estendidos quase alcançavam o seu objeto de caça. O corpo presenciava uma carga de adrenalina acima do normal. Os olhos esbugalhados. Era só esticar um pouco mais os braços e... Um puxão de orelha que quase o suspende do chão.
Na sala, a família encontrava-se toda reunida. Uns tentavam consolá-lo, para ver se lhe acalmavam o choro. Outros, mais nervosos, incluindo sua mãe e avô, lhe aplicavam uma dura lição: de que não deveria perseguir as galinhas do sítio.
A culpa não era dele. Nunca tinha visto um bicho tão engraçado, tão estranho, tão bonito.
Gregorio Borges