Local desconhecido
O vento soprava, o meu cabelo esvoaçava permanecendo desordenado.
Deitei-me no chão a sentir a chuva a cair no meu rosto e a ventania a dar-me sucessivas pancadas com toda a intensidade como se tivesse a me mandar embora. Eu oferecia resistência, o sofrimento que estava dentro de mim era bem mais intenso.
Precisava de alguém que me apertasse contra o seu peito, mas eu permanecia ali estendida. Não conseguia abrir os olhos, até que, reparei que já não ouvia coisa alguma, o silêncio entrava-me à força. Já não sentia a chuva, a ventania, o sofrimento. Não sentia coisa alguma, sentia-me tão leve e confortável que parecia que estava estendida numa nuvem muito leve como as dos desenhos animados.
Mais uma vez procurei abrir os olhos, e consegui. Estava tudo escuro e eu permanecia estendida numa cama branca que se reproduzia nos espelhos que me cercavam. Tinha os cabelos compridos e brilhantes, a minha pele era morena, o que fazia uma perfeita oposição com a túnica alva que trazia vestida. Por instantes achei que não fosse eu, ou que fosse só um sonho.
Levantei-me e fui à procura de uma porta, mas não achava nenhuma saída.
Desisti caindo exausta sobre as peças de linho. De repente comecei a sentir um suave vento brando e fresco, olhei em meu redor e vi um homem alto e belo que se pôs próximo de mim, segurou-me na mão e começou a divertir-se com os meus dedos. Ergue-me, cobriu-me os olhos e orientou-me com todo a atenção. Quando me soltou, eu permaneci de olhos fechados, estava a sentir-me muito feliz.
Abri os olhos e estava no local mais bonito que alguma vez contemplara.