A perita criminal II

Ela parou com o carro na porta daquele velho prédio de um subúrbio qualquer esquecido nos cantos da cidade. Acendeu um cigarro. Lentamente andou por aquele corredor procurando desviar dos restos de lixo, ratos e excremento que jaziam no chão. Apesar de ser duas horas da tarde, dentro do prédio a escuridão reinava.

Chegou à porta do quarto. O policial acenou para ela. Ela respondeu. Lentamente abriu a porta que rangia. Seus olhos começaram a vasculhar o recinto.

A luz da tarde era abafada por uma velha cortina meio rasgada, por onde entravam alguns raios de luz do sol meio ofuscados por uma fuligem branca que cobria o quarto como um véu. Dentro do quarto havia livros pelo chão, revistas de quadrinhos, roupas sujas, diversos envelopes de salgados e garrafas Pet, um sofá de onde só podia avistar a cabeça do recém-falecido e a televisão que estava fora do ar.

Lentamente ela vai de encontro ao corpo, fugindo dos restos de comida e procurando não destruir alguma possível prova.

Chegando ao sofá, depara-se com um corpo de homem. Olhar revirado, sem mostrar as pupilas, a boca escorrendo um grosso fio de saliva onde uma mosca repousava. Estava segurando seu pênis com uma das mãos. Horrorizada com a cena, a perita deixa seu cigarro cair. Sai correndo do quarto.

Chorando e soluçando ela pensa. “deus do céu. Nunca me deixe morrer gorda desse jeito.”