Para sempre
- Vais dizer-me que é para sempre.
- Sim.
- Vais dizer mentira, nesse caso.
- Não.
- Podes olhar-me nos olhos e dizer que nada vai mudar, que vamos permanecer desta maneira para sempre, que nada nos vai separar sequer arruinar? Tens possibilidade de olhar-me nos olhos e assegurar-me que é para sempre?
- Sim.
- Tens conhecimento de que uma promessa não pode ser quebrada, exato?
- Sim, tenho conhecimento.
- Ainda desta maneira podes prometê-lo?
- Sim, posso.
- És um tonto.
- Por qual motivo?
- Porque não tens possibilidade de cumprir essa promessa.
- É evidente que tenho.
- Não, não tens.
- Por causa de que?
- Porque nada dura para sempre, porque há sempre alguma coisa que se transforma, tu se transformas, eu me transformo. Tens até possibilidade de olhar-me nos olhos hoje e assegurares-me que é para sempre. Mas no fundo tens informação de que não é, no fundo tens conhecimento de que eu sei que não é. Porque tens conhecimento de que bem lá no fundo que me estás a dizer mentiras.
- Não estou.
- Falas isso neste instante.
- Vou falar sempre.
- Sempre? (sorri)
- Sim, sempre.
- Não podes, mas digo-te uma coisa, quando terminar, eu tenho conhecimento de que ao menos um dia foste capaz de falar que era para sempre.
- Amas-me? - Sim, evidente.
- É para sempre?
- É.
- Estás a dizer mentira.
- Não.
- Eu também não estou a dizer mentira quando falo que é para sempre. Tu... Eu... Nós. É para sempre.
Tens possibilidade de falar-me que é para sempre?
Tens possibilidade de olhar-me nos olhos e assegurar?
Ou vais olhar-me nos olhos e dizer-me mentiras?