MEXENDO COM A FANTASIA (dos outros)
Éramos vizinhos.
Prédios quase colocados um no outro. Vocês sabem, esse tipo de condomínio popular de prefeituras, que se faz hoje em dia, quase sem privacidade. Os edifícios são construídos respeitando um limite mínimo de espaço. Se você for curioso, pode passar o tempo todo “pescoçando” os apartamentos dos outros. Até o que o vizinho está preparando para o almoço, sabe-se. O cheiro da comida condena.
Bem, desviei o assunto.
Voltando... deixe-me falar de nós dois.
Quando um acordava, já gritava o outro da janela. Era a maior alegria... Não fazíamos nada sem que o outro soubesse, sem que o outro estivesse junto. Saíamos juntos, éramos do mesmo time, aprontávamos juntos... e por aí vai. Éramos como irmãos. Havia muito carinho entre nós, diziam as más línguas. E havia “problemas” também: éramos dois homens. E casados! Tínhamos as nossas esposas, claro! E não tínhamos nenhuma atração pelo mesmo sexo. Isso as más línguas não diziam mesmo!