No teu abraço
Sai de casa com o terror de quem vai enfrentar o sofrimento dos sofrimentos! Estremeciam-me todos os sentidos que, quiçá por pavor, tinham se tornado menos apurados, menos racionais.
Sentia a minha mente a trabalhar desordenadamente e só uma imagem me aportava: a TUA a repelir-me, a censurar-me… sabia que não teria possibilidade de sobreviver a tal rebaixamento moral, mas mesmo assim e, depois de tanto tempo a debater comigo mesma se deveria ir ou não, não era agora que já estava à porta que iria renunciar, não era…
Sentia-me a enfraquecer, como se o sangue tivesse deixado de circular no meu corpo, como se já não houvesse ar no universo capaz de me fazer respirar…
Levantei a cabeça e ali estavas TU de braços abertos para me proteger… nasci novamente!
Corri para eles com a mesma aflição que um preso corre para a liberdade. Mas ao passo que o prisioneiro corria para ser solto eu corria para que me fizesses prisioneira nos teus braços.
E ali contra o teu peito eu senti a felicidade ocupar cada unidade do meu corpo e do meu coração!
E cada vez me comprimias mais e mais e murmurei-te ao ouvido: AMO-TE! E mais comprimida me senti, e quanto mais comprimida, mais feliz!
Apenas em ti eu sou feliz! E sou eu… e sou a tua luz em mim refletida!