Salubridade
E ali continuou ela fustigada pelos vocábulos agonizantes.
Porque é que era tão árduo despedir-se? Porque era tão difícil ter que optar entre uma verdade útil e um engano piedoso?
Ali estava meio confusa apanhando, faminta, as migalhas de atenção disparadas de maneira tão fria, ali estava ainda certa de que a sua missão era íntegra e honesta.
Alienada! Cega!
Continuava a escapar-lhe a verdade de tudo aquilo, desejava entender... Mas se tudo aquilo era falso, se todas aquelas sensações não passavam de enganos urdidos por uma mente desvirtuada, porque é que causava tanta dor?
Porque é que tinha a sensação de que todo o universo estava contrário a ela? Porque é que tinha aquela urgência surda de combater com todas as forças por algo perdido à saída?
Vergada por tantas dúvidas, turvada por tantos sentimentos opostos, pulou para a chuva e simplesmente caminhou...
Aquele não era de todo um bom dia, mais do que nunca parecia-lhe que ir embora era a única decisão com sentido a tomar. Mesmo que depois só sobrasse o vazio, o desinteresse e um tonel cheio de esquecimento.
A salubridade era agora um pequeno luxo ao qual não tinha alcance.