Ele
Ela contemplou-o ali.
Trocaram olhares, cruzaram sonhos, permutaram sentimentos, sentimentos que só por si sós não necessitam de palavras, ela viu-o ali parado na meia luz daquela tarde, o luar cheio erguia-se já na linha do horizonte.
Ela afundou-se na profundidade daquele olhar e enquanto se deixava encantar permitiu que a paz ocupasse o seu corpo.
O sentimento de antecipação crescia, as mãos suavam, o corpo estremecia de tensão, tudo o que necessitava era de um beijo, um só beijo para sarar toda aquela aflição, todo aquele desejo.
O tempo parou quando a mão dele tocou na sua face, um novo mundo surgiu do amor ardente que se libertou quando os seus lábios tocaram os dele, aquele abraço fez-se baile, uma dança eterna num eterno salão de estrelas, as palavras saiam sufocadas por sorrisos de contentamento, os suspiros esbarravam conscientes do prazer, quando finalmente os seus corpos se afastaram e os seus olhos se encontraram novamente, nenhum deles interrogou quem era aquele estranho à sua frente, porque aquele sentimento era a prova de que sempre, sempre haviam se conhecido, quando ele sorriu, ela meigamente levou a sua boca ao ouvido dele e num suave murmurar, falou:
"Por onde tens andado?"