A DESTRUIÇÃO DO REI
O Rei Pafúncio engendrou a destruição do
que já era morto. Acostumado à vida, es-
queceu-se de deitar, decretando a morte dos
poetas e seu próprio rejuvenecimento na cor-
te – inventando a solidão. Absorto de criati-
vidade no reinado de Confúcio, esmerou-se
em novas formas descobrindo a “cicuta”, ma-
roto calmante das almas versejantes – ofere-
cendo-lhes um banquete. – sim, porque os
muros entupidos ostentavam-lhe o furor das
rimas, com que lhe entortavam a coluna, ce-
gavam-lhe a visão, ensurdeciam-lhe e voci-
feravam-lhe os dentes pontiagudos, medin-
do força com a poesia da plebe. Mortos os
poetas, sobrara-lhe a cabeça – mais tarde de-
capitada pela poesia dos poetas - que sobre-
vivera.