Sozinho...
Pelo silêncio do próprio corpo, agora, durante e depois da palavra não dita, da palavra nunca ouvida. Tantos sons se fizeram emitir ao ar, mas não ousou que assumissem a forma do que sentia, se é que sentia algo além daquilo que se descarregava nas carnes, que emanava dos poros e que evaporava num sopro fugidio... Optou, e resolveu por si mesmo, a reduzir ao máximo as palavras que dizia, até que passou a evitar até o próprio nome. Restringiu-se a ser silenciosamente profano, insosso e anônimo, ao qual se refeririam depois sem muitos detalhes que pudessem destacá-lo do comum. Rompeu... ...Deliciosamente rompeu na possibilidade gratuita de compartilhar, com alguém, o próprio nome, o próprio sabor, os sonhos que vislumbrava o olhar agora não tão perdido, o rumo e o norte. Sem mais demoras, como tudo que é efêmero em sua vida, como tudo que acontece tão rápido, que tão alucinadamente começa e tão depressa se desfaz, viu-se só novamente. Retoma, então, em meio aos vestígios (que ainda o fazem sentir), aquilo que chamava de seu nome, coloca-o no bolso de trás da calça, pega a mochila, o pente, a colônia, sai à porta, na noite já escura, e retorna àquilo que nunca deveria ter se atrevido a deixar de ser: “Sozinho”.
De Julinho meu filho