FUTURISTA DE MILDENDO
Oriundo de comunidade plebéia, pequeníssimo Guihemorr era um visionário em Lolipute: sonhava com o século vinte e um. Aspirando os melhores palcos dos continentes, percorria alamedas, não só da capital Milendo, cidade natal, mas de todo o império, e, ainda, dos reinos de Blifuscu e de Lapúdia, fazendo ecoar sua voz, que estimava encantadora. Outrora mais um anão na obscuridade de seu humilde status, o pequeno notável se sagrou uma personalidade, um reconhecido embaixador do canto naquelas ilhas do oceano índico. A fama cruzou fronteiras, singrou mares: o nome do pigmeu desponta e se agiganta no novo mundo de um mundo novo. E, eis que os notáveis da Academia nomearam o novo talento candidato ao "Grammy". Bravo! Nosso personagem, afinal, põe a mão no troféu: é a consagração! No entanto, amanhecia. Em meio à trégua na batalha da quebra dos ovos, Guihemorr desperta; era o último guerreiro na tenda. Ergue-se, recompõe-se e, lança em riste, segue para render o sentinela de turno ... "Grammy" e fama não existiam (ainda): eram nada mais do que substratos de sua imaginação.