O exterminador
Assassinava-os.
Sempre alegava legítima defesa. Eles eram muitos. Centenas. Uma vez chegou a contar 827 deles. Melhor dizendo, 827 corpos, pois os contava sempre depois de mortos.
Assassinava-os.
Usava gás tóxico. Gastava um recipiente inteiro, visto que eram muitos. Chegava e ia empurrando os móveis e, quando eles se mexiam, atingia-os. Alguns se movimentavam, em desespero, para todos os lados. Em vão. Ele expandia o gás por todo o cômodo, tornando-o uma mortífera câmara de gás.
Em minutos todos jaziam sobre o chão. Alguns ainda estrebuchavam.
Findo o ataque, ele empurrava seus corpos com uma vassoura. Depois, preparava-se para dormir o sono dos justos e dos inocentes. Tranqüilo, sem dramas de consciência.
Agia em legítima defesa!
Deitava e, com a luz ainda acesa, ficava observando aquele amontoado de cadáveres. Todos criaturas de Deus, agora sem vida, por obra sua.
O que fazer? Agia em legítima defesa!
Assassinava-os?
Mosquiticídio?
Mosquiticida?
Era a lei do mais forte.
Agia em legítima defesa.