CONTO MINIMALISTA n.24

A INSPIRAÇÃO
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Percebeu quando alguém se sentou ao lado dela. Continuou com os olhos meio fechados, pois não conseguia dormir. Apenas não queria conversar sobre os mesmos assuntos. O tempo... a chuva... o clima ruim ...o frio que fazia. E ainda teria que sorrir, responder - ser amável.
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Preferia assim, pois observava tudo sem ser notada. Sua fantasia, começando a trabalhar, despertava-lhe uma curiosidade diferente, interiorizada, quase sensória e, então, dissimuladamente, mantinha o foco de sua atenção sob as pálpebras semicerradas.
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Teria ela um marido? Um amante? Seria ciumenta? Seria mãe? Em que trabalhava? Respirou mais fundo e apreciou o suave perfume que atingia suas narinas. Forçando um ângulo melhor, notou a roupa razoável e a elegante réplica do relógio de famosa marca.
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Que idade teria? Uns 40 e pouco talvez. Pelo atrito de seus braços, forçado na proximidade das poltronas, percebera que a pele ainda era macia. Teriam elas o mesmo destino? Estaria também com medo de morrer? E do que ela gostava? Perguntas sem respostas que se encadeavam em sua cabeça.
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Sentia agora, fortemente, que seus prazeres nasciam, antes de mais nada, em sua mente e só depois se expandia pelo corpo. Então ali, naquela classe turística, brilhou em seu âmago uma luz diferente, novinha. Seu coração teve aquele mesmo alvoroço que ela tinha quando se apaixonava: uma sensação de plenitude chegando
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Ah, sua imaginação voava mais que as asas daquele avião como se ela viajasse entre estrelas!
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Abriu os olhos sem olhar para ninguém, para nada, ela abriu sua bolsa, pegou o inseparável caderno e começou, prazerosamente, a escrever um enredo para seu novo livro.


Silvia Regina Costa Lima
11 de maio de 2009

 
SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 14/05/2009
Reeditado em 24/07/2021
Código do texto: T1593922
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