O Homem de Nazaré

Naquela noite. Cristo verteu lágrimas. O Homem de Nazaré olhava a chuva que limpava o seu próprio peito e tentado de cólera permitia-se cair em tristeza e paixão. Conhecendo Jesus o que lhe aconteceria, levava as mãos ao rosto e em silêncio pensava acerca da sua prisão. A si mesmo tinha dado em perfídia a sua própria boca. A si próprio tinha mencionado: 'sou eu'. Alguns dos que o rondavam de admiração caíram por terra como num clarão, e erguendo-se o Filho do Homem enunciou naquele tempo:

'Em verdade, em verdade, vos digo:

não se perturbe o vosso coração

porque na casa de meu Pai há muitas moradas

e o caminho que eu trago virá até vós

através de mim

porque eu estou no Pai e o Pai em mim.

Para onde eu vou ninguém pode também ir

porque estreita é a passagem rumo à glorificação.'

Cristo levou as mãos à sua barba. Possuía os olhos quase cerrados. Por entre a sua alma caminhavam imagens de si mesmo e assim desmontava em dor o que em si existia, até agora, de peculiar. Cristo derramou lágrimas. Naquela noite de luminosidade. Luzente pelo amanhecer.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 04/05/2009
Código do texto: T1574436
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.