A verdadeira liberdade de amar

Certa vez, no auge de uma crise, um casal que relutava em separar-se tomou a seguinte decisão: ele disse a ela que a amava, mas não suportava vê-la tão infeliz ao seu lado. Ela vivenciava outro relacionamento, mas não admitia a possibilidade de uma separação.

As pessoas o tratavam com desprezo e zombarias. Mas ele a amava, incondicionalmente, por isso buscava compreender toda e qualquer atitude vinda daquela mulher.

Ele, sofrendo com aquilo que era a prisão para ela, disse-lhe num determinado momento:

-Prefiro que você vá a ficar sofrendo ao meu lado. Não tomarei nenhuma atitude, não prejudicarei sua escolha. Amo você e não suporto mais compartilhar de sua infelicidade. Vá e saiba que estarei por aqui, se precisar voltar.

Ela foi. E tempos depois, voltou. Ele estava dedicando seu amor a outra. O amor é exercício diário da convivência e busca a permanência no alvo centrado que é o ser amado. Ela desesperou-se!

-Mas você disse que eu poderia ir, que você por mim estaria esperando! (apelou ela)

E ele, calmamente, acariciando os cabelos dela, olhando em seus olhos, apenas completou:

-Levei um tempo imenso para aprender a exercitar a liberdade que meu amor me oferecia. Fui capaz de amar você sem nada cobrar, permitindo que você fosse livre e que eu me libertasse das amarras da posse e do egoísmo. Espero que você também se liberte. Hoje, compreendo que quando você preferiu saber se o outro era melhor que eu em algum sentido para sua vida, nada mais foi senão um sinal de que eu não bastaria a você... Portanto, continue sua busca e tenha, enquanto eu durar, a certeza de meu carinho sincero. Tenha coragem de amar e serenidade o suficiente para ser feliz com suas escolhas.

Ele abriu a porta e ela se foi, mais uma vez. Dessa vez, com a certeza de que não deveria voltar.

Paolo Gracco
Enviado por Paolo Gracco em 05/04/2009
Reeditado em 29/03/2013
Código do texto: T1524338
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