Conto Minimalista n.22
A OPÇÃO
Ela queria muito preservar sua beleza. Precisava. A arte exigia este atributo pois não bastava talento e excelência. Ela sabia que teria que deixar tudo isto muito brevemente. E não suportaria.
Não podia aceitar que o tempo passara tão depressa. As luzes, o palco, aplausos, purpurinas... O brilho que amava era tudo que conhecia e, como um ópio, estava viciada.
Ainda havia um pouco de frescor da juventude, mas não podia negar a passagem dos dias. Mantinha-se a custo de grandes sacrifícios pessoais, porque ninguém que completasse 40 anos na semana seguinte, passaria impune por isto.
Tal consciência pesava tanto que serviu-se da terceira dose de uisque, pois, nesta noite, não queria mais pensar. A voz, ao telefone, avisou que o amante não viria mais. A desculpa não convencia, e aquilo completou sua agonia.
Fim de linha em tudo. A revolta ficou forte e chorou. Para todos os seres havia somente duas possibilidades, ponderava. Envelhecer ou morrer. De súbito, algo brilhou em sua mente.
Tinha um amigo; Um homem sempre amado, especial. Ele poderia ajudá-la. Conheciam-se desde sempre e ele a amava platonicamente ainda. Á sombra do sucesso dela, ele pacientemente esperava que ela o aceitasse.
Decidida, subiu ao terraço da cobertura e lançou um foguete colorido no espaço, um sinal luminoso, voltando para dentro. Arrrumou-se um pouco, sentou em sua cadeira favorita, e adormeceu.
Sentiu o abraço dele, forte e carinhoso, seu beijo incrivelmente doce. Todo seu corpo acendeu em chamas coloridas e teve um orgasmo intenso, cintilante. Quando abriu os olhos, ela agora era uma diva para sempre bela, para sempre viva...
Silvia Regina Costa Lima
4 de abril de 2009
A OPÇÃO
Ela queria muito preservar sua beleza. Precisava. A arte exigia este atributo pois não bastava talento e excelência. Ela sabia que teria que deixar tudo isto muito brevemente. E não suportaria.
Não podia aceitar que o tempo passara tão depressa. As luzes, o palco, aplausos, purpurinas... O brilho que amava era tudo que conhecia e, como um ópio, estava viciada.
Ainda havia um pouco de frescor da juventude, mas não podia negar a passagem dos dias. Mantinha-se a custo de grandes sacrifícios pessoais, porque ninguém que completasse 40 anos na semana seguinte, passaria impune por isto.
Tal consciência pesava tanto que serviu-se da terceira dose de uisque, pois, nesta noite, não queria mais pensar. A voz, ao telefone, avisou que o amante não viria mais. A desculpa não convencia, e aquilo completou sua agonia.
Fim de linha em tudo. A revolta ficou forte e chorou. Para todos os seres havia somente duas possibilidades, ponderava. Envelhecer ou morrer. De súbito, algo brilhou em sua mente.
Tinha um amigo; Um homem sempre amado, especial. Ele poderia ajudá-la. Conheciam-se desde sempre e ele a amava platonicamente ainda. Á sombra do sucesso dela, ele pacientemente esperava que ela o aceitasse.
Decidida, subiu ao terraço da cobertura e lançou um foguete colorido no espaço, um sinal luminoso, voltando para dentro. Arrrumou-se um pouco, sentou em sua cadeira favorita, e adormeceu.
Sentiu o abraço dele, forte e carinhoso, seu beijo incrivelmente doce. Todo seu corpo acendeu em chamas coloridas e teve um orgasmo intenso, cintilante. Quando abriu os olhos, ela agora era uma diva para sempre bela, para sempre viva...
Silvia Regina Costa Lima
4 de abril de 2009