A MULHER DO TRABALHADOR
Andou 8 quadras, foram tantas estradas,
trabalho ao sol, agora em casa, na sua cidade, sabia que tudo
era o sonho que teve, a mulher bem pertinho, nem filhos ainda,
e o final de semana, chegou e prometia.
Passou no açougue comprou a costela, e no mercadinho
pegou a cerveja, tomou uns dois goles e pra casa se foi.
A porta da frente, aberta um pouquinho, mas deu pra avistar,
la dentro o vizinho.
Corou ali mesmo aquele rosto queimado, porque viu ali dentro, beijando
sedenta a mulher que amava, o vizinho do lado.
Andou 8 quadras, que se dane as estradas, olhou o edifício,
aquele do ofício, subiu 30 andares, todos em construção, era ali
que calejava, suas pobres mãos.
E no topo do prédio, pensou no sacrilégio, que a amada lhe fizera.
5 passos pra frente, totalmente descontente, voou pelos ares,
e em silencio profundo, abandonando o mundo, esta vida deixou.