A MULHER DO TRABALHADOR

Andou 8 quadras, foram tantas estradas,

trabalho ao sol, agora em casa, na sua cidade, sabia que tudo

era o sonho que teve, a mulher bem pertinho, nem filhos ainda,

e o final de semana, chegou e prometia.

Passou no açougue comprou a costela, e no mercadinho

pegou a cerveja, tomou uns dois goles e pra casa se foi.

A porta da frente, aberta um pouquinho, mas deu pra avistar,

la dentro o vizinho.

Corou ali mesmo aquele rosto queimado, porque viu ali dentro, beijando

sedenta a mulher que amava, o vizinho do lado.

Andou 8 quadras, que se dane as estradas, olhou o edifício,

aquele do ofício, subiu 30 andares, todos em construção, era ali

que calejava, suas pobres mãos.

E no topo do prédio, pensou no sacrilégio, que a amada lhe fizera.

5 passos pra frente, totalmente descontente, voou pelos ares,

e em silencio profundo, abandonando o mundo, esta vida deixou.

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 31/03/2009
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T1515830
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