Perséfone (Papoula)
Silêncio.
A rua estava deserta. Perséfone tateou no escuro e alcançou o maço de cigarros. Ao acender um deles, sentiu a boca selar. Saliva seca. “Existe amor?”. E logo depois a resposta surgiu como um trunfo: “Dizem que sim”. A sua solidão noturna cheirava a cinza e álcool. “Resumidamente, estaremos sós, meu bem”. E mais um trago. A lua alta, o céu claro de uma noite de primavera sem casais de namorados a circular pelas esquinas. Dormiam todos. Perséfone também dormia, sonhando com amores brutos em seu leito imaculado.
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"Depois de ter sido raptada por Hades, Zeus permitiu a Perséfone renascer na primavera sob a forma de uma papoula. A papoula é conhecida há mais de cinco mil anos. Morfeu, deus dos sonhos, a recebia em oferendas. Trata-se de flores herbáceas, de ciclos anuais, também conhecidas como dormideiras. Os Celtas as utilizavam em compressas nos bebês para que adormecessem. As flores da Papoula representam fertilidade, ressurreição, sonho, extravagância, fragilidade e beleza efêmera."
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