A morte do Encanto
A Indiferença veio chegando aos poucos, leve e silenciosa como um gato de patas de veludo. Quando Deise olhou, lá estava ela, observando tudo de seu posto avançado - um telefone mudo. Deise ficou intrigada, mas deu de ombros. "É a vida", pensou.
Mas estranhou muito quando percebeu que a Alegria há tempos não vinha mais visitá-la. Pensou em procurá-la, mas não tinha seu endereço, tantas eram as vezes em que tinham estado juntas ultimamente. Não sabia onde encontrá-la; então esperou que ela viesse quando tivesse vontade. E ela não voltou.
Depois de algum tempo Deise soube: o Encanto havia morrido. Era por isso. Ela não chorou, não se desesperou, não fez nenhuma espécie de funeral para ele. Apenas aceitou. "É a vida", pensou. E a vida seguiu seu curso.