O anjo loiro
Ele abriu os olhos, aos poucos, sem vontade, e a figura foi-se formando, difusa a princípio, logo mais nítida e clara, tão clara como jamais tinha visto. E ela sorria, um sorriso bom, que o tranquilizou. Sentou-se na calçada, o corpo doía depois de uma noite em cima de um cobertor, procurou ajeitar-se, mirando e sendo mirado por aquele par de olhos azuis. "Vamos conversar?" - falou a moça, numa língua atravessada. "Vem cara", gritou o companheiro. Mas ele ficou ali, diante daquela mulher, que lhe parecia um anjo caído do céu.*
* Texto em homenagem à jovem finlandesa cuja dissertação de mestrado versará sobre os meninos de rua de Pelotas.