Romance quase impossível

Palmtop era um rapaz organizado.

Meticulosamente, consultava suas despesas enfeixadas numa planilha de Excel.

Nela, débito e crédito assumiam cores diferenciadas e se podia, diariamente, ver a evolução dos gastos e o saldo líquido.

Ao mesmo tempo, conferia seus e-mails e, em tempo real, os altos e baixos do pregão da BOVESPA em seu laptop de última geração.

Precisava estar sempre plugado, interligado ao mundo racional e produtivo.

Era um rapaz franzino, com um traço de introversão. Roupas formais e óculos de aros grossos completavam seu “jeitão” peculiar.

Emepetrês era agitada, falante, bonita. Usava aparelho ortodôntico, acessórios de grife e vivia imersa num universo de futilidades.

Sempre ligada em torpedos, ringtones, playlists, decorava seu celular com adesivos das Meninas Superpoderosas.

Inevitavelmente, um dia se encontraram e se apaixonaram.

Foi um romance cibernético.Durou até o lançamento da nova versão do Windows...