O tempo de enterrar palavras.
O desespero era tanto que a boca do estômago gritava de agonia, e esse era um som que não se ouvia e por isso mesmo era aflitivo.
As paredes, inimigas agora, fechavam-se sobre ela com um vigor nunca visto e se não a esmagavam era pelo fato de estarem ocupadas em não perder suas janelas.
De suas mãos as palavras escorriam, desenganadas, e caíam no chão, já falecidas, apesar de jovens, frágeis demais, as palavrinhas.
Mas, ela não tinha tempo de enterrar palavras, pois era preciso socorrer o coração que, ao contrário das palavras, estava vivo.
Quanto ao féretro, outros o providenciassem, ela agora não tinha tempo de sentir pena, apesar de lamentar a morte prematura das palavrinhas inocentes. Nem tudo é justo nesse mundo e agora não era tempo de enterrar palavras.
Ela não tinha tempo de enterrar palavras. Não, ela não tinha tempo.