O engraxate
Num canto escuro, sob a luz da lua, o pequeno engraxate contou o saldo do dia: sete, doze, dezoito...vinte reais e setenta centavos.
Com uma certa dificuldade, reuniu as moedas em suas frágeis maõzinhas enegrecidas, calejadas de tanto esfregar os calçados alheios e procurou a banca de jornal do senhor Nonô, a única aberta naquele horário:
-Troca pra mim?
Saiu de lá com uma cédula novinha no lugar das moedas.Mas antes que a pusesse no bolso, o menino viciado em cola roubou-lhe velozmente das mãos.
O dinheiro que seria a cola que lhe garantiria o trabalho, a comida e a ausência de surras do padrasto, é cola, é comida pro menino que cheira pra esquecer das sovas do próprio pai desempregado.
(Maria Fernandes Shu - 25 de janeiro de 2009)
Num canto escuro, sob a luz da lua, o pequeno engraxate contou o saldo do dia: sete, doze, dezoito...vinte reais e setenta centavos.
Com uma certa dificuldade, reuniu as moedas em suas frágeis maõzinhas enegrecidas, calejadas de tanto esfregar os calçados alheios e procurou a banca de jornal do senhor Nonô, a única aberta naquele horário:
-Troca pra mim?
Saiu de lá com uma cédula novinha no lugar das moedas.Mas antes que a pusesse no bolso, o menino viciado em cola roubou-lhe velozmente das mãos.
O dinheiro que seria a cola que lhe garantiria o trabalho, a comida e a ausência de surras do padrasto, é cola, é comida pro menino que cheira pra esquecer das sovas do próprio pai desempregado.
(Maria Fernandes Shu - 25 de janeiro de 2009)