Conto Minimalista n.9
A HIPOCRISIA
Na distância, da janela de sua cobertura, ela podia apreciar o clarão de alguns fogos comemorativos. Fechou a cortina, caminhando silenciosamente pela imensa suíte e deslizou para a cama king size, satisfeita por estar em sua gaiola dourada.
O filho mais novo ainda não havia regressado, nem sua menina, que completava dezenove anos naquela noite. - Ah, sei que estarão se divertindo um bocado, as minhas crianças, certamente em alguma balada com som altíssimo, cheia de gente jovem, descolada, tudo regado à bebida e muita animação.
Não há mais como segurá-los, muito menos controlá-los - pensou lembrando-se da gorda mesada que o pai , sempre ausente, dava a cada um deles a título de compensação; mas, contudo, já expulsando essa ligeira preocupação por ser poder ser a causadora de indesejáveis rugas em seu rosto mantido a cremes caríssimos, contrabadeados por serem elaborados a partir do feto de alguns animais especiais.
O remédio que tomara começava a cobrar-lhe a entrega pacífica já que ela não sabia mais dormir sem eles. Em sua confusão mental, ainda se lembrou que precisava renovar seu estoque de anfetaminas para emagrecer e também o das pílulas que a mantinham ligada durante o dia. Apagou e o cigarro e depois de deixar o copo de whisky sobre o criado-mudo.
Lá fora, ao longe, aquela conhecida festividade ainda alardeava a chegada de uma nova partida de crack e cocaína que garantiria o poderio do tráfico na região, vencendo a legislação e a autoridade (in) competente.
Já sem controle nenhum sobre si mesma, ela fechou os olhos entregando tudo o mais nas mãos de Deus...
Silvia Regina Costa Lima
9 de novembro de 2008
Na distância, da janela de sua cobertura, ela podia apreciar o clarão de alguns fogos comemorativos. Fechou a cortina, caminhando silenciosamente pela imensa suíte e deslizou para a cama king size, satisfeita por estar em sua gaiola dourada.
O filho mais novo ainda não havia regressado, nem sua menina, que completava dezenove anos naquela noite. - Ah, sei que estarão se divertindo um bocado, as minhas crianças, certamente em alguma balada com som altíssimo, cheia de gente jovem, descolada, tudo regado à bebida e muita animação.
Não há mais como segurá-los, muito menos controlá-los - pensou lembrando-se da gorda mesada que o pai , sempre ausente, dava a cada um deles a título de compensação; mas, contudo, já expulsando essa ligeira preocupação por ser poder ser a causadora de indesejáveis rugas em seu rosto mantido a cremes caríssimos, contrabadeados por serem elaborados a partir do feto de alguns animais especiais.
O remédio que tomara começava a cobrar-lhe a entrega pacífica já que ela não sabia mais dormir sem eles. Em sua confusão mental, ainda se lembrou que precisava renovar seu estoque de anfetaminas para emagrecer e também o das pílulas que a mantinham ligada durante o dia. Apagou e o cigarro e depois de deixar o copo de whisky sobre o criado-mudo.
Lá fora, ao longe, aquela conhecida festividade ainda alardeava a chegada de uma nova partida de crack e cocaína que garantiria o poderio do tráfico na região, vencendo a legislação e a autoridade (in) competente.
Já sem controle nenhum sobre si mesma, ela fechou os olhos entregando tudo o mais nas mãos de Deus...
Silvia Regina Costa Lima
9 de novembro de 2008