O menino da janela de doces
Pois ele ia lá todo dia... sim, não importando o fator clima ou condições do tempo. Aliás, tempo era o que ele mais tinha pois era só um menino. Todo dia estava ele lá empoleirado na janela da confeitaria. O vidro engordurado da testa, da testa escorrendo suor, a baba escorrendo no vidro.
Era, em sua profanada inocência, psicologicamente diabético... esteticamente gordo. Nunca se soube o por que de tal menino nunca ter subido o único degrau que o conduziria ao interior da loja. Nunca se soube nem nunca ousou-se perguntar-lhe o por que disso ou de tudo enfim pois o menino, a cada pergunta, sugeria: estou vivendo poesias.
Um dia o velho-menino-já velho, morreu de anorexia.
No epitáfio dizia:
“Aqui jazz um menino-poeta que não sabia ler e morreu com a mão encharcada de sonhos”
Em tempo:
Na luminária dizia: “Produtos Dietéticos”