CONTO MINIMALISTA n. 5

O jardim especial
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Após um dia de intenso trabalho sob forte Sol, ele tirou um cigarro e encostou-se no muro. Lembrando que precisava providenciar adubo, algumas mudas especiais de flores e sacos de lixo, coisas triviais, tornou-se reflexivo.

A vida que sonhara para si não viera, porém não podia queixar-se. Aquele era um bom emprego e ninguém vinha gritar com ele, amolar, dar-lhe ordens descabidas. Ninguém. Cuidava de seu serviço e tudo ia muito bem, obrigado.

Sempre zeloso, recolheu a bituca, fechou o portão de ligação e se encaminhou para a casinha que lhe servia de residência e onde, há anos, morava sozinho.

Era a hora do Angelus e, de repente, ele ergueu os olhos para o céu e dirigiu uma pequena prece à divindade:


"Senhora, se vos aprouver, permita que eu possa, um dia, plantar um jardim especial longe desses muros e dessas campas. Um jardim para enfeitar a Vida e não apenas para disfarçar a Morte."

A luz da tarde reveberou ligeramente. Foi quando um pensamento supreendente atravessou sua mente: a vida estará em toda a parte onde creiamos nela e onde nós a (re)criarmos.

 A paz daquele novo entendimento tomou conta dele. Reconfortado como há tempos não se via, ele se recolheu em seu singelo lar para descansar do dever cumprido de mais um dia.

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Silvia Regina Costa Lima
16 de novembro de 2008









 
SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 17/11/2008
Reeditado em 16/11/2020
Código do texto: T1288300
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