O TELESCÓPIO

Era o horário de sempre. buscou o telescópio e armou na janela da sala com a luz apagada e as cortinas ligeiramente fechadas. Buscou a garrafa de destilado, copo cilíndrico e pedras de gelo, cowboy é para suicidas. no quinto andar janela da direita, a ruiva sempre desligava o telefone quando o marido chegava do serviço e lhe esperava com jantar e sorriso. sétimo andar janela do centro, mulher espancada por marido, quase sempre as 20:15 da noite, hoje com sangramento nasal fora lágrimas prosaicas. assim chegou a

cena favorita. décimo andar, ela abre a porta do banheiro em vapores e luzes e vai nua até o quarto vestir a camisola salmão solta no corpo esguio e curvilíneo, embora hoje houvesse algo fora do cotidiano.

ela tira algo de dentro de um armário, parece um cartaz com dizeres em vermelho, onde se lê: MEU MARIDO ESTA SUBINDO SUAS ESCADAS, SEU SEM VERGONHA!

alguem bate a porta da sala com força e embora mal tivesse bebido um copo, já sentia a sombra de uma sinistra ressaca

Den
Enviado por Den em 12/11/2008
Reeditado em 12/11/2008
Código do texto: T1279777