TODO DIA NESSA ESTRADA
O caminhão rodava veloz na Dutra. Toda manhã. Por volta das sete horas, ela estava lá. Da boléia, conseguia enxergar aquela beleza feminina que desabrochava naquele corpo de menina. Era uma estudante. Com a mochila graciosamente dependurada nos ombros, e certo ar misto de expectativa e descontração, olhava no relógio as horas e também penteava os cabelos e aplicava batom de cor viva nos lábios. Foi assim por dias e eu, do meu posto de observação, flertava com a menina que me atraia, pensando nas dezenas de garotos da escola que tinham a chance real de conquistá-la. Talvez, sobre isso, ela já tivesse algum em vista. Quem sabe, um dos pirralhos que estudavam por lá e até já se sentia atraído por aquele corpo juvenil, transbordante de sensualidade. Até que num sábado – não era dia de escola -, ela também apareceu. Sem mochilas e cadernos. Mas, a mesma flor que a cada manhã adornava meu jardim. E, para surpresa minha, vi um braço estender-se à frente pedindo carona. Parei. E ela entrou serelepe na cabina dupla. E, de cara, perspegou-me um beijo gostoso na boca. E eu rodei feliz pela estrada. Estrada de todo dia. Estrada de toda hora. Estrada meu ganha pão. Mas, naquele sábado, um pãozinho doce veio alegrar meu dia e trazer novos sabores ao meu paladar. Sonhei com aquele lindo corpo nu. Viajei!