O otimista

Em um consultório médico, enquanto aguardam a sua vez, dois clientes conversam:

- E aí, como vai, tudo bem?

- Como poderia estar tudo bem. Se eu estou aqui no médico, é porque algo deve estar errado. E você, veio aqui por quê?

- Eu? Nada demais. Apareceu um carocinho debaixo do braço e eu vim mais por desencargo de consciência, assim mesmo porque minha mulher não parava de buzinar no meu ouvido. Ah, não deve ser nada demais, provavelmente é só um cabelinho encravado, uma besteira qualquer...

Meses após àquela primeira consulta, no consultório, novamente os dois se encontram:

- Você por aqui de novo? Como tem passado, bem?

- Mais ou menos.

- Deixa disso rapaz, não seja pessimista, tudo vai se ajeitar. – Falou tentando animar o outro.

- Você fala assim porque não foi pra você que o médico deu só seis meses de vida. E você, aquele seu caroço, é sério?

- Realmente eu subestimei a situação, não posso negar. Mas, pelo menos no meu caso, tive mais sorte que você, ele calculou que ainda tenho uns cento e oitenta dias para aproveitar essa maravilhosa vida que Deus me deu; já pensou, são quase duzentos dias, é tempo que não acaba mais, meu irmão. Bem, o papo está muito bom, mas eu tenho que ir embora, vou tomar uma cervejinha amiga com a rapaziada. A gente se esbarra por aí. Abraços.

Beto Guimarães
Enviado por Beto Guimarães em 14/09/2008
Reeditado em 14/09/2008
Código do texto: T1176902
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