A solução

Deixou pingar os ais, como fazia amiúde, em choro baixinho, suficiente. Olhei para ela e não vi seus olhos, mas já os conhecia molhados. Os cabelos, deixara de pintar e nem nas pontas se via preto algum. Não tinha esmalte nas unhas, nem batom nos lábios. Esparramada no sofá que lhe servia de cama desde a morte do seu querido, acariciava o retrato e o beijava. A figura sorria estática, amarelecida e a ouvia como em um confessionário:

-- Ninguém me entende! Ninguém me entende!

Foi sem querer que me senti em paz quando, um dia, vovó foi ter com vovô.