"A PRIMEIRA INSUBORDINAÇÃO"

Era ano de 1977 na Cidade de São Paulo - Capital; eu, um mero funcionário de uma Empresa, cujo ramo era confeccionar divisórias para outras Empresas, escritórios, e repartições públicas.
A minha função, era imitar cores padrões em topos de portas, quinas de móveis, usando massas plástica, pincel e minha imaginação.
O salário no final do mês não era muito a contento, o serviço estafante, por ser repetitivo e não oferecer nenhuma criação.
Resolvo mudar de ramo, de firma, de padrões, de costumes, e de profissão; fui fazer um curso de segurança industrial, onde dava um vasto treinamento na área administrativa, no combate ao incêndio, primeiros socorros, atendimento ao público, e outras tantas funções.
Com aquele complementar conhecimento, dei uma virada de 360 graus na minha vida, um jovem com 19 anos de vida, isento de vícios, solteiro e descomprometido, e com uma imensa gana de vencer.
Trabalhando agora numa importante Empresa de distribuição de energia elétrica, trabalhando 12 horas diárias, 7 dias por semana sem ter direito a folga nos feriados, folgava sim, no penúltimo dia útil de cada semana; tudo era maravilhoso agora, pois não me sobrava tempo para tédio, para preocupações, nem para intrigas, pois estudava no período noturno, e só ia em casa para dormir.
Os dias foram passando, os meses e os anos também;  e apesar de gostar do que fazia, apesar de gostar do salário que recebia, e apesar de gostar dos elogios que recebia... Eu não era um robô, eu não era uma máquina programável, eu era um homem, homem esse que precisava de algo diferente agora; precisava de amor.
Sim, precisava de amor... E foi numa semana de Natal, que eu fiz um pedido ao meu chefe, eu disse que precisava agora de dois dias de folga consecutivos, na véspera e no dia de Natal; indignado e surpreso, o meu chefe como resposta me disse um belo, sonoro, e prazeroso não! Com calma sentei numa poltrona, com sabedoria fiz uma reflexão, e com a certeza de não estar sendo inconseqüente comigo mesmo, disse ao meu chefe já não mais em tom de consulta, mas em tom de comunicação; já estava decidido, eu faltaria ao serviço... Com consentimento dele, ou não.
Mais surpreso e indignado ainda o meu chefe ficou, ao ouvir aquela afronta, ou para ele aquela insubordinação; não disse nada, saiu do setor sem dizer para onde ia, e passou um bom tempo ausente, e ao voltar me perguntou, se eu estava decidido a trocar anos de confiança, anos de profissionalismo, por uma irresponsável aventura; prontamente respondi que sim, e convicto do que dizia, comecei a arrumar as minhas coisas pessoais, e sempre sob o olhar incrédulo do meu chefe.
Até que num dado mumento, ele se vira para mim e diz.
   -   Fica sossegado rapaz, não foi dessa vez ainda, que você vai se ver livre de mim, nem eu de você.
Eu por minha vez agradeci, e tudo voltou ao normal, na véspera do Natal fui curtir, na noite de Natal conheci uma linda moça; que acreditem ou não, ficamos noivos meses depois, e algum tempo depois nos casamos; e até hoje somos felizes.


Amigos visitantes e leitores, este é um texto de minha autoria, e se houve alguma semelhança, é mera coincidência.